quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Parque Estadual do Terra Ronca / State Park Terra Ronca's


Entrada da caverna Terra Ronca I / Entry of "Terra Ronca's" I caveExif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4, 1/20s, ISO 320, 10mm, 06/09/15 11:02h

A primeira vez que visitei uma caverna (ou gruta) foi em 2002, em uma fazenda localizada no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais/Brasil. Eu tinha 17 anos, ainda com pouco contato com natureza, fiquei impressionado com o que vi, foram duas horas e meia de caminhada dentro da gruta, um passeio com guia feito com uma turma de amigos. Desde então não tive oportunidade novamente de caminhar por outras cavernas, mas a vontade continuou. Não sabia aonde encontrá-las, até que um dia pesquisei sobre localizações de cavernas no Brasil para que pudesse aproveitar o feriado nacional de 7 de setembro (Proclamação da Independência Nacional), e então conheci o Parque Estadual do Terra Ronca (PETeR), localizado na região nordeste do estado de Goiás. Encontrei informações superficiais do parque, não havia muito conteúdo publicado na internet. Portanto, resolvi relatar esse passeio com a maior riqueza de detalhes possível. Espero que goste.

Localização do parque / Park's location

As cavernas nada mais são do que cavidades de formatos variados, cujos buracos são formados pela dissolução do carbonato de cálcio pela água, proveniente das rochas calcárias. Junto com a geração do buraco são formados os espeleotemas, originados a partir da dissolução de minerais pela água e posterior recristalização, os quais possuem os nomes de estalactites (recristalização no teto), estalagmites (goteiras do teto que se recristalizam no solo) e as colunas (emendando o teto e o solo por meio da recristalização). Tais formações são as principais atrações cênicas presentes na caverna, com diversos formatos curiosos.

O PETeR, criado em 1989 e extensão de 57.000 hectares, é controlado pelo Governo do Estado de Goiás. Localizado no extremo da região nordeste do estado, corresponde a um dos mais importantes conjuntos espeleológicos da América do Sul. Moradores da região e pesquisadores estimam que hajam entre 250 e 300 cavernas, sendo que em torno de 50 estão abertas a visitação.

Saímos de Uberlândia/MG e percorremos aproximadamente 780km, passando por Brasília/DF. Estramos pelo sul do parque, a partir da cidade de Posse e Guarani de Goiás. Até Guarani o percurso é feito por asfalto e a partir de Guarani é só terra, portanto só verá asfalto novamente quando sair do parque. Ficamos hospedados em camping na Pousada São Mateus (http://www.pousadasaomateus.com/), que também tem infraestrutura de chalés. O local é limpo e organizado, com excelente café da manhã e almoço, que já estavam inclusos no nosso pacote de feriado. O valor da diária para chalé com café da manhã e uma refeição ficou em 120 reais por pessoa e o camping com café da manhã e uma refeição ficou em 70 reais por pessoa. Achei justo, já que a localização é ótima e o atendimento também é muito bom, e era feriado. Não tinha conexão wifi, o que me deixou ainda mais satisfeito, já que um dos objetivos do passeio era ficar OFF das rotinas cotidianas.

As coordenadas da foto é de outra pousada, a Estação Lunar. Ela fica no povoado de São João, é preciso passar pela pousada São Mateus para chegar nela.

Não há muitas pousadas na região e a infraestrutura turística é um pouco precária. A vila São João é bastante humilde, sem supermercados, não possui restaurantes e muito menos farmácias. Portanto, é muito importante levar suprimentos necessários para garantir a estadia na região por alguns dias. Chegamos tarde, por volta de meia noite, não foi difícil encontrar a pousada, já que há uma única estrada que percorre o parque de sul ao norte e havia pelo menos duas placas sinalizando a distância até a pousada. Três amigos de Brasília nos aguardavam, pois tinham chegado por volta das 20h. Como combinado por telefone os proprietários da pousada deixaram a janta pronta, esquentamos a comida no microondas, jantamos, tomamos uma cerveja para relaxar e fomos dormir. Como a nossa barraca é no teto do carro não levamos muito tempo para armá-la, precisávamos dormir já que no próximo dia seria cedo e esperávamos que a primeira caverna seria a mais difícil do passeio, mas não foi a única difícil.

Acordamos às 7h, tomamos o café da manhã, que estava muito bom. Para quem quiser, a pousada prepara por 14 reais um kit lanche para levar no passeio dentro das cavernas, com pão caseiro, alface, muçarela e frango, acompanhado de um suco de caixinha. Como já tínhamos preparado um kit para nós optamos por não comprar, mas nossos amigos compraram e ficaram bastante satisfeitos. O guia, que nos pediu para chamá-lo de "Du", chegou por volta das 8h, cujo valor do serviço era 20 reais por pessoa. Atrasamos a saída um pouco pois outras duas pessoas queriam nos acompanhar no passeio e ficamos aguardando-os a se prepararem. Saímos às 9h, em direção à caverna São Mateus.

Os equipamentos para o passeio não são muitos, mas são importantes. Capacetes e lanternas são indispensáveis, obviamente. Preferencialmente as lanternas devem ser de cabeça, para que você tenha as mãos livres para os obstáculos de pedras, aclives e declives dentro das cavernas. Se tiver lanterna nas mãos terá um trabalho extra ou precisará da ajuda de alguém para a manobras, e aproveite para levar baterias reservas, pois não deve ser nada agradável ficar dentro da caverna sem iluminação. O capacete é cedido pelo guia. Gosto muito dos calçados da Timberland, oferecem resistência, boa aderência, cano longo para não haver torções. Muito cuidado com os solados desgastados, pois pode se tornar escorregadio. É bom levar um relógio para ter noção do horário dentro da caverna, já que não verá o sol por um bom tempo. Para vestuário pode ser camiseta leve, qualquer uma, e de preferência calças, para que não saia de lá com esfolados na canela por contato com as pedras. Eu fui de bermuda e voltei com alguns hematomas. Como eu pedalo também levei minha mochila de hidratação, com 2L de água e bom espaço para carregar utensílios importantes, como: lanterna e baterias reservas, toalha de natação, lanches, saco estanque, blusa corta vento. Ficou faltando na lista o kit de primeiros socorros, que eu levei mas deixei no carro. Por incrível que pareça, precisei de tudo isso durante o passeio.

Além dos equipamentos de segurança ainda levei minhas tralhas para fotografia, como não podia faltar. No começo do passeio comecei a sentir um certo arrependimento, porque não é fácil carregar esse tanto de coisa nas costas, mas para quem gosta de fotografia vale o preço. No final, a recompensa por trazer de lá imagens inesquecíveis me deu toda a satisfação que eu esperava. Nessas tralhas estão: duas câmeras (D3100 e D7000), lentes 18-200mm e 10-20mm, tripé Manfrotto. Minha esposa carregava a D3100, acabou não utilizando, assim ela deixou para trás nos passeios seguintes.

Em direção à caverna São Mateus percorremos 7km pela mesma estrada do dia anterior, sentido contrário ao que viemos. Entramos à direita, em uma estrada de acesso dentro da mata. Até então não percebemos a necessidade de um veículo 4x4, já que a estrada principal permitia fluxo tranquilo para veículos leves, com poucos desafios de areia e apenas uma subida com cascalho, mas sem grandes dificuldades. Neste caminho para a caverna já encontramos bancos de areia e valetas decorrentes de erosão feitas pelo curso da água, obstáculos que certamente colocariam um carro de passeio no limite. Não recomendo para veículos pequenos. Estacionamos os carros na mata e percorremos uma trilha tranquila a pé por uns 800 metros. Estava em época de seca, início de setembro, a muitos dias sem chuva, então a mata estava praticamente preenchida de árvores secas. A temperatura durante o dia era de 32º e 20º a noite. O problema maior era a umidade relativa do ar de 20%, que exigia consumo de líquido constante.

Trilha para chegar à caverna São Mateus / Trail to get in to São Mateus's cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/20, 1/200s, ISO 250, 14mm, 05/09/15 10:28h

Chegando na entrada da caverna Du nos orienta sobre alguns cuidados. Primeira orientação é de que se alguém tem alguma necessidade básica para ser feita, que fosse ali, fora da caverna. Segunda orientação é que ficássemos em silêncio, pois havia um enxame de abelhas por perto. Nos entregou os capacetes, preparamos as lanternas e começamos a descida para a boca da caverna São Mateus. Já na entrada da caverna havia uma quantidade grande de abelhas sobrevoando por ali. Por segurança Du afirma que em caso de ataque do enxame basta nos escondermos no escuro da caverna que elas não vão. O problema é que para chegar no escuro precisava passar por uma fenda entre duas pedras, na qual era preciso retirar toda a tralha do corpo para você caber ali dentro. Demorou uns 15 minutos até todos passarem e a adrenalina já começa cedo. Dali para frente foi só subidas e descidas dentro da caverna, sempre em situações de risco.

Entrada da caverna São Mateus / Entrance of São Mateus's cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/6.3, 1/20s, ISO 250, 10mm, 05/09/15 10:49h

Entrando na caverna São Mateus / Getting into São Mateus's cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4, 1/2s, ISO 500, 10mm, 05/09/15 11:07h

Dentro da caverna São Mateus / Inside of São Mateus's cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/5.6, 30s, ISO 400, 19mm, 05/09/15 11:39h

A sensação de estar dentro de uma caverna é exclusiva e extrema. Silêncio e escuridão absolutos, muito difícil de experimentar isso em algum momento da vida. Se você está em uma fazenda você não tem o silêncio absoluto, há a presença do canto dos pássaros, barulho do vento nas folhas, vaca, grilo, etc. A escuridão absoluta também não, porque você sempre tem um LED ligado, a luz da lua, das estrelas, uma lâmpada longe, um celular piscando, enfim. Em um determinado momento sentamos em um salão para o lanche, iluminamos o local para reconhecimento, tiramos algumas fotos e sentamos para descansar. Apagamos todas as luzes e ficamos em silêncio. É de arrepiar.

Dentro de um dos salões da caverna São Mateus / Inside in one of the São Mateus's cave halls
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/5.3, 30s, ISO 160, 18mm, 05/09/15 12:31h

Almoçando dentro de um dos salões da caverna São Mateus / Making lunch inside in one of the São Mateus's cave halls
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4, 13s, ISO 160, 10mm, 05/09/15 12:38h

Além do aspecto que afeta os sentidos desacostumados (audição e visão) a caverna traz o que tem de melhor para lhe oferecer: as formações espeleológicas. São muitas variações e formatos. De característica bastante peculiar a caverna nos lembra igrejas de estilo gótico, com aqueles contornos espinhosos e dramáticos, com partes simétricas e confortáveis para os sentidos até partes totalmente assimétricas, sem qualquer semelhança com alguma coisa. É impressionante!


Espeleotemas dentro da caverna São Mateus / Speleothems inside of São Mateus's cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4.8, 20s, ISO 400, 14mm, 05/09/15 11:50h

Espeleotemas dentro da caverna São Mateus / Speleothems inside of São Mateus's cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4.2, 1/10s, ISO 640, 11mm, 05/09/15 12:18h

Na caminhada atravessamos pequeno riacho que passa por dentro da caverna, no qual presenciamos a água brotando por baixo, fazendo borbulhas. Du nos mostrou as marcas da água dentro da caverna em épocas de cheia. Há apenas um local de escape, para fugir do alagamento. Após 4 horas de sobe e desce, cruzamento de riacho, blackout, silêncio, apreciação de formações espeleológicas, cordas, etc, voltamos para a mesma entrada que fizemos, exaustos. Sair foi mais fácil do que entrar, acho que pelo medo que foi embora ou pela experiência adquirida no tempo lá dentro. A sensação de ver a luz natural também gera certo alívio. A luz e o ar fresco também impressiona, por mais que sejam comuns no nosso cotidiano. As abelhas não estavam lá.

Espeleotemas dentro da caverna São Mateus / Speleothems inside of São Mateus's cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4.2, 1/2s, ISO 640, 11mm, 05/09/15 11:18h

Na trilha de volta para os carros, tirei uma foto de uma flor roxa em meio a tanto bege. Chamou a atenção pelo vigor que ela apresentava ao redor da natureza morta. Chegamos na pousada por volta das 14h, até achei cedo pelo que eu esperava. Os guias fazem apenas uma caverna por dia, então não tínhamos opção de visitar outra. Pedimos a ele uma exceção para aproveitarmos um pouco mais o dia, que nos apresentasse alguma cachoeira na região. Então ele nos levou na cachoeira Palmeiras, pagamos 3 reais por pessoa para entrar. Chegamos lá e havia pessoas (funcionários do Governo do Estado de Goiás) fazendo churrasco ao lado da cachoeira, tomando cerveja, com cadeiras dentro do poço de água, fumando e jogando bitucas de cigarro no chão. Em todos os parques nacionais que já visitei, os quais são administrados pelo ICMBIO, nunca presenciei algo assim pela instituição. Tire a conclusão que achar mais conveniente a respeito disso.

Banho tomado, fotos tiradas da cachoeira e região, voltamos para a pousada. Tomamos banho e o jantar foi servido às 18h. Após o jantar ficamos tomando cerveja, conversando e conhecendo outras pessoas que estavam hospedadas por lá. Aproveitei também para fazer backup das fotos no notebook e colocar as baterias para carregar, já que no dia seguinte a expectativa era a maior possível: iríamos conhecer as famigeradas Terra Ronca I e Terra Ronca II.

No dia seguinte o script foi o mesmo, acordar às 7h, tomar café, pegar o guia e sair. O caminho era o mesmo do dia anterior, porém, ao invés de entrarmos na estrada dentro da mata, continuamos pela estrada principal mais alguns quilômetros. A entrada da Terra Ronca I é possível de ver da própria estrada, não vimos antes porque chegamos a noite. Era uma entrada enorme, com 96m de altura, impressionante. O rio entra por dentro da caverna, tornando a paisagem ainda mais bonita. No dia anterior não tivemos uma entrada assim, era por meio de fenda entre pedras. Desta vez passava um helicóptero, possível de manobrar lá dentro e voltar.

Entrada da caverna Terra Ronca I / Entrance of Terra Ronca's I cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/18, 1/10s, ISO 100, 11mm, 05/09/15 16:46h

Entrada da caverna Terra Ronca I  (96m de altura. Detalhe da minha esposa ao centro) / Entrance of Terra Ronca's I cave (96m tall. Detail of my wife in the center of the photo)
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4.5, 1/100s, ISO 320, 10mm, 06/09/15 10:54h

Entrada da caverna Terra Ronca I  / Entrance of Terra Ronca's I cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4.5, 1/80s, ISO 320, 10mm, 06/09/15 10:56h

Entrada da caverna Terra Ronca I  (tornando escuro) / Entrance of Terra Ronca's I cave (turning dark)
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4.5, 1/80s, ISO 320, 10mm, 06/09/15 10:56h

A trilha interior na Terra Ronca I era mais leve, com algumas subidas em pedras por meio de cordas, mas nada demais. Mas a frente era possível ver duas entradas de luz, de cor âmbar, uma por cima e outra por baixo, estava muito legal. Durante todo o percurso da I e II atravessávamos o rio de um lado para o outro, constantemente. Ficamos o dia todo molhados. Após atravessar a TR I passamos por uma mata, atravessamos o rio novamente e chegamos na entrada da Terra Ronca II, igualmente impressionante. Havia araras ao redor, pelos cantos era possível identificar, mas não conseguimos contato visual com elas.

Atravessando a caverna Terra Ronca I  / Crossing the Terra Ronca's I cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/5.6, 1/60s, ISO 640, 10mm, 06/09/15 11:37h

Entrada da caverna Terra Ronca II / Entrance of Terra Ronca's II cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4, 1/13s, ISO 100, 10mm, 06/09/15 12:14h

A Terra Ronca II era mais sinistra, não tinha trilhas simples de percorrer, era sempre dentro do rio, com cordas e em um determinado momento a água chegou ao pescoço (tenho 1,73m). Foi quando utilizei o saco estanque que comprei para esse momento, coloquei as câmeras e alimentos dentro e atravessei o rio. Havia correnteza dentro da caverna, então neste caso não era o mesmo silêncio presenciado na caverna São Mateus, era diferente, mas a escuridão era igual.

Entrada da caverna Terra Ronca II / Entrance of Terra Ronca's II cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4, 1/20s, ISO 250, 10mm, 06/09/15 12:34h

Entrada da caverna Terra Ronca II / Entrance of Terra Ronca's II cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4, 1/20s, ISO 250, 10mm, 06/09/15 12:36h

O objetivo deste passeio era conhecer a claraboia (entrada da luz do sol por uma abertura no teto da caverna) e o salão dos namorados, este que foi uma das coisas mais impressionantes que já vi. Era algo épico, surreal. Para chegar nele passamos pela claraboia primeiro, mas não era possível ver aquele raio de luz pois ainda era por volta das 12h e o melhor momento para ver seria após às 15h. Passamos pela claraboia, entramos no rio novamente e chegamos até o salão dos namorados. Tem esse nome por conta da formação de duas estalagmites uma de frente para a outra na entrada do salão, se assemelhando a um casal. Não era apenas um salão, eram vários, altos, com várias colunas sustentando o local, formações de todo tipo. Tiramos algumas fotos, brincamos com os efeitos de luz e longa exposição. Utilizei bastante o tripé que continuei levando, mesmo sendo de certo modo desconfortável. O dia anterior já tinha sido uma prova de que não seria desperdício de esforço ao carregá-lo. O salão era praticamente infinito e até o guia tinha receio de continuar explorando ao fundo com medo de se perder. Acreditamos nele e voltamos.

Interior da caverna Terra Ronca II, claraboia ao fundo / Inside of Terra Ronca's II cave, skylight on background
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/4, 1/15s, ISO 800, 10mm, 06/09/15 13:27h

Caverna Terra Ronca II, salão dos namorados / Terra Ronca's II cave, boyfriends hall
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/7.1, 30s, ISO 320, 14mm, 06/09/15 13:49h

Caverna Terra Ronca II, salão dos namorados / Terra Ronca's II cave, boyfriends hall
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/7.1, 30s, ISO 320, 15mm, 06/09/15 13:55h

Retornando à claraboia sentamos para o lanche e pretendíamos esperar o horário para fazer a foto do raio de luz. No entanto, tivemos um imprevisto, um dos amigos teve um mal estar no dia anterior e começou a se sentir mal dentro da caverna, com sensações de febre e frio. Retirei minha jaqueta corta vento e entreguei a ele, para que pudesse tirar a camiseta molhada. Então não tivemos tempo para aguardar o horário ideal, mas foi possível pegar um pouco do raio. Guardei a câmera no saco estanque e coloquei dentro da mochila. A ideia era retornar rápido para a pousada e garantir a recuperação do nosso amigo. Assim fizemos. No retorno, não passamos por dentro da Terra Ronca I, pois há um atalho por cima da caverna, que chega mais rápido. Mas neste caso a dificuldade era enfrentar o sol forte, sem nuvens no céu.

Caverna Terra Ronca II, claraboia / Terra Ronca's II cave, skylight
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/5, 1/30s, ISO 320, 10mm, 06/09/15 14:16h

Caverna Terra Ronca II, claraboia / Terra Ronca's II cave, skylight
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/5, 1/40s, ISO 320, 10mm, 06/09/15 14:18h

Caverna Terra Ronca II, claraboia / Terra Ronca's II cave, skylight
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/8, 1/8s, ISO 320, 20mm, 06/09/15 14:59h

Ao chegar na pousada descansamos um pouco, assistindo a um jogo de futebol na tv tomando uma Heineken, duelo entre Corinthians e Palmeiras pelo campeonato brasileiro. O jogo estava bom, mas preferimos ir até o povoado de São João e subir no mirante para ver as Serras Gerais e assistir ao por do sol. As Serras Gerais percorrem toda a divisa leste do estado de Goiás com a Bahia. No caminho de volta, que fizemos durante o dia, foi possível vê-la com mais tempo. Após as 18h chegamos novamente na pousada, tomamos banho, jantamos e sentamos para tomar uma Heineken e colocar o papo em dia.

No dia seguinte iríamos embora logo após o almoço, já que havia mais praticamente 800km de distância até Uberlândia, Então, optamos por um passeio rápido pela manhã, saindo cedo. A melhor opção seria visitar a caverna Angélica, uma das mais famosas e mais fácil de visitar. Acordamos mais cedo do que nos dias anteriores, para aproveitar o tempo, no entanto, tivemos um imprevisto: o pneu dianteiro do carro estava furado. Perdemos uns 40 minutos para trocá-lo, já que estava em uma superfície arenosa e tínhamos dificuldades com o macaco. Um dos amigos que fizemos por lá nos ajudou com a tarefa e nos deu dicas interessantes para situações com esta. Mesmo assim, conseguimos terminar antes das 8h, tomamos café da manhã e pegamos o guia às 8:30h na comunidade de São João. Desta vez fomos para o outro sentido, ao norte. Tivemos que pagar 5 reais por pessoa para entrar na caverna.

A entrada era menor e menos exuberante do que na Terra Ronca I, mas era interessante. Também corria um rio por dentro, de águas cristalinas, assim como nas outras cavernas. De entrada fácil e os obstáculos internos também eram fáceis. A formação dos salões eram diferentes, um pouco mais baixos, mas com teto liso, solo liso, havia corredores. Era possível acampar lá dentro, talvez fosse uma das coisas curiosas a se fazer por lá. Pude perceber insetos bem estranhos lá dentro, uma espécie de baratas com antenas enormes, por conta da sensibilidade à ausência de luz.

Espelotemas na caverna Angélica / Speleothems in Angélica's cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/11, 30s, ISO 200, 10mm, 07/09/15 10:39h

Espelotemas na caverna Angélica / Speleothems in Angélica's cave
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/11, 30s, ISO 200, 10mm, 07/09/15 10:52h

Espelotemas na caverna Angélica, salão espelhado / Speleothems in Angélica's cave, mirror's hall 
Exif: Nikon D7000, Lente Sigma 10-20mm, f/11, 20s, ISO 200, 12mm, 07/09/15 11:11h

Uma das salas tinham um lago abaixo das formações das estalactites que, quando iluminadas, refletiam as luzes na água, fazendo um espelho fantástico. Outro salão tinha o teto dourado, simulando a presença de ouro no local. Depois de um passeio rápido voltamos para a pousada, tomamos um banho e almoçamos. Acertamos as contas e despedimos dos proprietários, que nos atendeu muito bem durante nossa hospedagem. No caminho de volta soube de uma pousada, chamada Terra Ronca, que possuía uma borracharia e um borracheiro, a 8km da pousada que estávamos. Puxa, fiquei admirado com essa possibilidade dentro de um parque com infraestrutura humilde. Pagamos 10 reais para o borracheiro retirar o prego e fazer um remendo no pneu que estava furado. Agradecemos e seguimos adiante.

Deu tudo certo, ficamos satisfeitos com o destino escolhido, com a pousada, os amigos que fizemos e a companhia dos amigos já conhecidos. Ficou para trás muitas cavernas a serem visitadas, um dia pretendo retornar para aproveitar outro roteiro. Fica a recomendação para você e espero que o relato tenha ajudado na sua preparação para esse roteiro.

Abraços.